“Não, você não tem cobertura!”

Os corretores de seguros gaúchos têm repetido essa frase do título à exaustão nos últimos 30 dias… É muito triste, é desolador olhar nos olhos do cliente e dizer isso! Mas este é o mercado de seguros brasileiro: não cobre desmoronamentos, alagamentos, enchentes, inundações. Ou seja, não estamos cumprindo nossa função social de proteger efetivamente os nossos clientes. De nada adianta entregar um carro a quem perdeu a casa.

Precisamos, urgentemente, precificar e cobrir. E tem que ser na básica. Não adianta disponibilizar uma “adicional” com limite de R$ 15 mil, quiçá de R$ 30 mil. Temos que pulverizar o risco, se for opcional só vai contratar o ribeirinho e o negócio vai se inviabilizar. Tem que ser na básica!

O mesmo princípio da “Cobertura Ampla” que já praticamos no condomínio tem que ser estendido para o residencial e para o empresarial, onde estão os consumidores hipossuficientes. Vai ficar um pouquinho mais caro, mas será justo. Estamos cobrando muito barato nos seguros das residências e empresas, custos aviltados desde que abandonamos a tarifa e embarcamos nesta desenfreada corrida de “rouba montes”, em que todos perdemos, mais que dinheiro, perdemos nosso propósito: proteger.

O mercado de seguros privado já perdeu o “Acidentes do Trabalho” e o “DPVAT”, já perde R$ 6 bilhões anuais para as APVs (Associação de Proteção Veicular) porque esnobou riscos na carteira auto, estamos à beira de perder o respeito das pessoas se não agirmos rápido no residencial e empresarial.

Cobramos 3%, 5%, até 10% sobre o valor de um veículo para entregar uma cobertura compreensiva, e os clientes pagam. Por que não pagariam 0,00000 alguma coisa % para proteger sua residência e sua empresa?

E de nada adianta um “Seguro Social de Catástrofe”, será uma espécie de “DPVAT residencial”, é mais uma tentativa de amparo humanitário do que um seguro efetivamente. Não é cobrando R$ 5 por mês compulsoriamente de toda a nação (R$ 60 ao ano, casualmente muito parecido com o custo do “novo DPVAT”) e entregando R$ 15 mil (igual a todos, independentemente do prejuízo sofrido) que vamos efetivamente atender às necessidades dos consumidores de proteção, que é a missão do seguro privado.

A propósito, notem que no tal amparo humanitário não tem corretor. Os clientes que, conscientes da importância do seguro, compram seguro residencial e empresarial com um profissional corretor de seguros, não têm oferta de proteção real para seu patrimônio. Não se vê uma única seguradora disponibilizando coberturas de desmoronamento, alagamento, enchente, inundação em valores que efetivamente protejam o patrimônio das pessoas (não adianta nada R$ 15 mil, nem R$ 30 mil para uma residência ou empresa, isso mal paga a limpeza).

Pareço irritado? Olhe para um cidadão que perdeu tudo e escuta do seu corretor: “Não, você não tem cobertura!” Este sim é um cabra irritado…

De nada adianta entregar um carro a quem perdeu a casa”.

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