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O legado de um bravo lutador

Luis López Vázquez lutou pela vida em seus últimos dias e arregaçou mangas pelos corretores e técnicos de seguros durante toda sua carreira

Por Thaís Ruco

No dia 1º de outubro, a dois dias de completar 82 anos de idade, faleceu o corretor de seguros e importante líder do setor, Luis López Vázquez. Nos últimos anos, lutando bravamente contra a Doença de Parkinson, ele se tornou um exemplo de perseverança ao frequentar os eventos do mercado, às vezes de cadeira de rodas, às vezes com andador. Gostava de reencontrar colegas e de se pronunciar ao microfone, ainda que a voz prejudicada
pela doença impedisse que todos o entendessem. Dizia sempre que sua vida era o seguro e que se sentia realizado ao lado dos amigos.

Ao longo de sua vida também lutou bravamente pelos corretores de seguros e técnicos de seguros. Inteligente e idealista, entre os temas de suas teses estiveram: a independência dos corretores de seguros; a preservação da prática técnica em seguros; a união das entidades do setor; e o subsídio do governo para a viabilização do microsseguro. Corretor de seguros, ele fez diferença em sua trajetória na vida associativa, com passagens pela diretoria do Sincor-SP, da Sociedade Brasileira de Ciências do Seguro, mentoria do Clube dos Corretores de Seguros de São Paulo e a presidência da Associação Paulista dos Técnicos de Seguro, entidade que fundou para defender a técnica de seguros e a disseminação do conhecimento técnico no setor. A APTS é, sem dúvida, o seu maior legado.

Sua história no setor de seguros começou em maio de 1954. Nessa época, chegava ao País o jovem espanhol de 19 anos, em busca de oportunidade no mercado de trabalho. Certamente, naquela ocasião, ele jamais poderia imaginar que, em terras brasileiras, sua história seria escrita para sempre na galeria dos grandes nomes que atuaram em prol do desenvolvimento do seguro.

Aliás, no seguro, Vázquez começou por acaso. Meses depois de sua chegada, falando regularmente o português, decidiu atender ao anúncio dos classificados, que solicitava profissionais com determinadas qualificações. A empresa em busca de profissionais era a Ajax Corretora de Seguros, uma verdadeira potência, que naquele tempo dominava o maior ramo de seguro, o incêndio. Depois de construir uma bela carreira, em 1961, ele fundou a Expert Corretora de Seguros e mais tarde a Eleven Corretora de Seguros.

Na década de 80, a inflação alta e baixos investimentos em produção emperravam o desenvolvimento do seguro, desvalorizando a técnica de seguros. Inspirado no exemplo de outras categorias que atuavam no mercado, como médicos, engenheiros e advogados, que contavam, cada qual, com a sua respectiva associação, ele pensou que também os técnicos poderiam ter uma entidade.

Em abril de 1983, Vázquez fundou a APTS e a presidiu por diversas gestões. Sob seu comando, a entidade realizou grandes eventos e inovou com os eventos do meio-dia, disseminando o conhecimento técnico para várias gerações de profissionais. Em setembro de 2015, ele concluiu sua última gestão. Osmar Bertacini, seu sucessor, reconheceu a importância do seu
trabalho na entidade, nomeando-o para o cargo de Presidente Emérito.

Entre as gestões da APTS, em outubro de 1992 Vázquez foi empossado mentor do CCS-SP (Clube dos Corretores de Seguros de São Paulo) e sempre defendeu a independência do corretor de seguros. Em seu primeiro editorial como mentor no Jornal dos Corretores de Seguros (JCS) – este jornal, que então era editado pelo CCS-SP – saiu em defesa dos “autênticos prestadores de serviços”. A seu ver, corretores que tivessem vínculos com um dos contratantes – seguradoras ou segurados – não eram autênticos.

O mercado de seguros perde um de seus ícones, porém os ideais de Vázquez devem servir de exemplo e inspiração para as novas gerações. O presidente do Sincor-SP, Alexandre Camillo, lamenta a perda. “Vázquez foi um grande líder para muitos do setor, particularmente foi um grande incentivador de minha atuação em prol dos corretores de seguros, a que devo muito orgulho e gratidão”, disse. “Sem dúvidas, o mercado de seguros perde um de seus grandes homens”.

“Um dos sentimentos mais bonitos é o da gratidão. A nossa gratidão a este nosso amigo que tanto fez pelo mercado. O CCS-SP se despede do seu ex-mentor, deixando registrado para sempre o reconhecimento à sua grande contribuição para a evolução da categoria”, Adevaldo Calegari, mentor do CCS-SP.

“Vázquez se foi, mas o seu legado permanece. Torço para que no futuro outros se encantem por esse ideal e prossigam nessa missão, mantendo a chama que um dia ele acendeu quando ousou fundar, 34 anos atrás, uma associação para defender e valorizar a prática técnica em seguros”, Osmar Bertacini, presidente da APTS.

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