Artigo: Melhora da economia pode abrir espaço no orçamento familiar para novos contratos de seguros
22 de agosto de 2022O desempenho do Brasil está sendo revisto para cima pela maioria dos players do setor financeiro, incluído o Banco Central, que, em seu boletim Focus, tem apontado tendências mais positivas, tanto para o crescimento do país, como para o controle da inflação. A situação está longe de ser confortável. As projeções não apontam números exuberantes, mas, em terra devastada, quem tem uma árvore é rico.
O mundo está andando de lado, com boas chances de engatar marcha à ré, puxado por uma possível recessão nos Estados Unidos e na Europa, que, de qualquer forma, já apresentam taxas de inflação inéditas nos últimos quarenta anos.
A China também não deve crescer a taxas elevadas e a guerra da Ucrânia segue sendo um desafio para o mundo, com imponderáveis como a produção de alimentos e o preço do petróleo ameaçando a economia global. A situação internacional está longe de ser confortável e pode ter efeitos negativos na retomada brasileira, mas, como as projeções para o país seguem melhorando, vamos acreditar nos especialistas e esperar um 2022 e um 2023 melhores do que as previsões de alguns meses atrás.
Mesmo com o cenário complicado, neste ano o setor de seguros apresenta crescimento real do faturamento. É uma notícia boa. A inflação alta mascara o crescimento da atividade econômica. Muitas vezes os indicadores apontam para, por exemplo, um crescimento de 6%, quando a inflação do período foi de 8%. Então, de verdade, há uma queda real de dois por cento. Não é isso que vem acontecendo com o setor de seguros. Descontada a inflação, o crescimento segue no azul. É verdade que a sinistralidade também está alta e isto é ruim porque compromete o resultado de companhias com foco nas carteiras mais onerosas, como é o caso de seguro de veículos, uma das mais importantes do mercado.
Com a melhora dos indicadores de crescimento da economia e redução da inflação, haverá espaço para o aumento da demanda por novos seguros, o que fortalecerá o desempenho positivo que já se observa no setor.
Não quer dizer que 2022 será um ano confortável para todas as seguradoras. Muitas ainda sentem o aumento da sinistralidade observado no ano passado e no primeiro semestre deste ano. Mas a economia apresentar dados mais consistentes do que os previstos até há pouco significa que as condições macroeconômicas estão mais favoráveis para a atividade econômica como um todo, o que puxa para cima o faturamento do setor de seguros, na medida que a demanda por proteção volta a fazer parte – e a caber no bolso – das prioridades da sociedade.
Ninguém espera a explosão do faturamento, mas também não se espera um novo aumento extraordinário dos sinistros. A equação resultante é favorável para as seguradoras, na medida que o aumento dos prêmios deve ser maior do que o aumento das despesas. Com as contas equilibradas, o setor pode aguardar a hora certa para dar o salto que inexoravelmente o levará a dobrar de tamanho.
Fonte: Antonio Penteado Mendonça, O Estado de São Paulo – 22/08/2022