CNseg avalia desempenho do PIB e perspectivas para a inflação
5 de julho de 2021A última reunião mensal do Comitê de Estudos de Mercado (CEM), da CNseg, avaliou o cenário econômico no País, especialmente a possibilidade de o PIB repetir o desempenho positivo apresentado no primeiro trimestre de 2021 e como será o comportamento dos índices de inflação.
Para o CEM, existem algumas indicações para um crescimento econômico um pouco mais fraco na margem. O economista Pedro Simões, integrante do Comitê, ressalta que o IBC-Br de abril já veio menor que o esperado, 0,4%, quando se esperava 0,8%. “Outra indicação é o índice de confiança dos empresários, que está subindo, em contraposição ao do consumidor, que por conta do mercado de trabalho, não tem um desempenho tão bom. A recuperação terá mais ‘tração’ se a vacinação permitir a volta de serviços intensivos em trabalho”, afirma.
Em relação à inflação, o Comitê avaliou a evolução do Índice de Preços no Atacado (IPA), calculado pela FGV, com alta de quase 50% nos últimos 12 meses até maio 2021, e do Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA), do IBGE, atualmente próximo dos 8% em 12 meses. O economista e professor da PUC, Luiz Roberto Cunha, acredita que a longo prazo poderá haver uma convergência entre os índices. “Analisamos a inflação anual desde 1995 até 2016 e constatamos que ocorreu uma convergência entre IPCA e IGP-DI. Mas como será o ano que vem diante das condições atuais da soja, milho, trigo, minério de ferro e petróleo, que pesam mais de 25% do IPCA e quase 30% do IPA?”, indaga Cunha. Ele explica que a convergência tende a acontecer conforme se altere a relação câmbio/salário, o que se espera em um cenário mais otimista, com apreciação cambial e recuperação da renda do trabalho
De acordo com Simões, o Banco Central (BC) deve perseguir a meta de inflação para 2022, que é de 3,5%. “O Conselho Monetário vai se reunir para decidir a meta de inflação em 2024. Alguns economistas mais ortodoxos afirmam que vale tentar chegar em 3%. São metas ambiciosas. Mas é bom lembrar que estamos em um País que ainda não resolveu o problema fiscal, essencial para conseguirmos alcançar esses objetivos”, ressalta.
O CEM analisou ainda a taxa de participação no mercado de trabalho no Brasil e nos Estados Unidos. De acordo com Simões, a taxa de participação no mercado de trabalho caiu muito forte nos dois países. “Mas agora está estável lá e cá. No Brasil, a taxa cai mais, o que é comum em países em desenvolvimento onde a economia informal é muito maior e o home office teve menor adoção”, ressalta. Nos Estados Unidos, Simões chama atenção para a relação total de desempregados versus vagas disponíveis. “As pessoas não estão aparecendo para trabalhar. Aumentaram as vagas disponíveis”, constata.
Cunha pondera que, além da razão de as pessoas não quererem trabalhar com medo da pandemia ou porque querem ficar em casa para cuidar dos filhos, o auxílio emergencial do atual governo dos EUA desestimula a volta ao trabalho. “Como o auxílio é muito bom, muitos ganham mais dinheiro ficando em casa”, observa.
Para finalizar, foi apresentado um panorama das atuais projeções. O setor de seguros (sem DPVAT) ficou entre 5% e 9,4%. Por segmento, em Ramos Elementares (sem DPVAT), entre 6,6% e 14,8%; Cobertura de Pessoas entre 6,0% e 6,7%; Capitalização entre -2,5% e 6% e Saúde Suplementar entre 4,4% e 10%.
Fonte: CNseg