O Fórum Mário Petrelli de Fomento do Mercado de Seguros realizou, nesta quarta-feira (8/10), a primeira edição das “Conversas do Fórum”, no auditório da MAG Seguros, em São Paulo. O encontro reuniu lideranças do setor, autoridades, executivos e acadêmicos para discutir os rumos do mercado segurador e seu papel como instrumento de proteção social, estabilidade econômica e desenvolvimento sustentável.
O presidente do Sincor-SP, Boris Ber, mediou o painel de abertura, que tratou do tema “Substituto do DPVAT e a Capacidade do Mercado para Proteção de Catástrofes”, com as participações de Alexandre Camillo, presidente da SegPartners e ex-superintendente da Susep, e Rodrigo Botti, diretor-geral da Terra Brasis Resseguros.
Boris destacou o papel do Fórum como espaço de construção coletiva: “O Fórum tem a missão de identificar problemas concretos, reunir especialistas e propor soluções que nasçam do próprio setor, antes que sejam impostas de fora. Esse diálogo é o que fortalece o seguro como instrumento de proteção social”, afirmou.
Durante o debate, Alexandre Camillo defendeu a retomada de um modelo sustentável para o seguro obrigatório de acidentes de trânsito, com gestão privada e foco social: “O Brasil convive com uma catástrofe silenciosa. São cerca de 40 mil mortes e 150 mil feridos graves por ano, e essas vítimas estão totalmente desamparadas. O modelo que deu certo não deveria ter sido extinto, e sim aprimorado”, observou.
Rodrigo Botti, por sua vez, reforçou a necessidade de o setor ampliar sua capacidade para riscos climáticos e desastres naturais, com o apoio do resseguro e de instrumentos financeiros de mitigação. “Precisamos criar um arcabouço robusto de compartilhamento de riscos, como já existe em outros países. O Brasil tem potencial e competência técnica para isso”, disse.
A programação do evento incluiu ainda temas estratégicos, como macroeconomia, modernização regulatória e inclusão securitária. A abertura foi conduzida por Helder Molina, seguida da palestra “Macroeconomia e Economia Setorial”, ministrada por Gilmar Melo Mendes, professor da Fundação Dom Cabral, que apresentou uma análise otimista sobre o cenário econômico brasileiro e seus impactos no consumo e na oferta de crédito.
Em seguida, o presidente do Fórum, Marco Antônio Gonçalves, destacou a essência do grupo: “O Fórum Mário Petrelli nasceu para ser um espaço independente e estratégico de reflexão e fomento. Nosso propósito é promover o debate e deixar um legado para um mercado de seguros cada vez mais forte e acessível”, destacou.
O Painel 2, mediado por Antonio Penteado Mendonça, abordou a Lei nº 15.040/2024 (Nova Lei do Contrato de Seguro) e a Lei Complementar 213/2025, que modernizam o marco das cooperativas e associações de proteção. Participaram os membros do Fórum: Camila Calais, advogada, e Armando Vergílio, presidente da Fenacor.
Camila destacou que a nova lei traz desafios e oportunidades para o setor, especialmente na revisão de produtos e processos de sinistros. “É uma oportunidade de amadurecimento institucional. Precisamos rever produtos, processos e, sobretudo, a forma como nos comunicamos com o consumidor”, afirmou.
Armando Vergílio ressaltou que a regulamentação das associações de proteção representa um avanço histórico. “Estamos trazendo para dentro da lei um mercado que já existia, garantindo mais segurança jurídica para empresas e consumidores”, explicou.
O encerramento foi conduzido por Nilton Molina, que defendeu o fortalecimento da educação securitária e o papel social do seguro. “O Brasil precisa compreender o seguro como ferramenta de cidadania. Uma nação protegida é uma nação próspera”, destacou.
Depoimentos dos participantes
Antonio Penteado Mendonça, corretor, advogado e jornalista, ressaltou a importância do Fórum para aproximar o debate do conjunto da sociedade: “Essa primeira conversa do Fórum foi extremamente positiva. Ela mostrou que o objetivo não é concorrer com nada que já existe, mas abrir espaço para discutir o seguro com a sociedade e ouvir o que ela tem a dizer. É disso que o setor precisa para evoluir”.
Mara Borges Sutto, corretora de seguros e diretora regional do Sincor-SP Zona Sul, destacou o aprendizado e o acesso ao diálogo com formadores de opinião do setor: “Foi sensacional participar de um evento com pessoas que realmente constroem soluções e discutem leis que impactam nosso dia a dia. Um aprendizado enorme e uma oportunidade única para nós, corretores, enxergarmos o mercado de forma mais ampla”.
Hélio Opipari Jr, proprietário da Opipari Assessoria de Seguros, destacou a relevância dos temas e o otimismo com o futuro do setor: “Um evento fantástico! Encontrar colegas e ouvir especialistas de alto nível sobre temas tão atuais, como economia e regulação, renova o otimismo. Dá para ver que 2026 será um ano de grandes oportunidades para o mercado”.
Já José Adalberto Ferrara, presidente da Tokio Marine Seguradora, avaliou o encontro como um marco na discussão sobre o crescimento sustentável do mercado brasileiro: “O Fórum mostrou que temos um enorme potencial de expansão. Ao discutir leis, produtos e distribuição, reforçamos que há espaço para todos – seguradoras, corretores, resseguradores e novos players. Esse diálogo é fundamental para que o seguro alcance mais brasileiros”.