Em 27 de novembro, o Sincor-SP promoveu mais uma edição do Sincor Digital, reunindo corretores de seguros de todo o país para discutir um dos temas mais impactantes do momento: como o uso inteligente de dados e a inteligência artificial podem gerar produtividade, novas oportunidades e maior eficiência comercial.
Com o tema “Dos dados à IA: automação que gera resultados”, o encontro foi conduzido pelo presidente do Sincor-SP, Boris Ber, com apresentação de Emir Zanatto, Head de Seguros da Serasa Consumidor, e participação especial de Rafael Altomare, consultor da Academia Sincor-SP. A live – que contou com o apoio de Capemisa, Maxpar, Porto, SulAmérica, Tokio Marine e Grupo HDI – reuniu depoimentos de corretores que já utilizam IA no dia a dia e reforçou a importância da atualização tecnológica na rotina profissional.
O dado como oportunidade
Logo na abertura, Emir Zanatto trouxe um ponto fundamental: não falta informação no mercado, falta direção. Segundo ele, o corretor que aprende a interpretar dados ganha vantagem competitiva imediata.
“Os dados contam histórias. Muitas vezes o cliente não avisa que mudou de emprego, renda ou endereço, mas os dados mostram esses movimentos. Quem souber interpretar isso terá o momento certo da oferta, e esse momento vale mais que o preço”, afirmou Emir.
Ele ressaltou que a Serasa Experian mantém hoje informações de 98 milhões de brasileiros, permitindo prever tendências e comportamentos futuros – habilidade essencial tanto para análises de crédito quanto para a subscrição e oferta de seguros.
Emir também apresentou relatórios gratuitos, como o IPSA e IPSM (índices de preços de seguros de automóvel e de motos) e o Mapa de Seguros do Brasil, que ajudam corretores a entender o comportamento de compra por região, renda, faixa etária e perfil, mostrando oportunidades de atuação consultiva.
Outro ponto central da fala de Emir foi o novo comportamento do consumidor, que não compra mais produtos isolados, mas soluções vinculadas ao seu momento de vida.
“Cada vez menos as pessoas compram de prateleira. Elas compram por jornada. Cabe ao corretor interpretar o contexto e usar os dados para construir essa jornada consultiva”, explicou.
Mudanças de endereço, renda, hábitos de consumo, perfil empresarial e movimentações financeiras tornam-se sinais que indicam novas necessidades de proteção, e corretores preparados conseguem atuar antes da concorrência.
Tecnologia só substitui quem não a utiliza
Ao ser questionado por Boris sobre o receio de parte dos profissionais, Emir foi direto: “A tecnologia nunca tirou espaço do corretor. Ela substitui quem não a usa. Os melhores corretores continuarão sendo os de confiança, só que agora com capacidade de interpretar dados e agir no momento certo.”
Boris reforçou a importância de superar o medo inicial: “Estamos vivendo uma reinvenção. O corretor continua sendo a figura de confiança das famílias – advogado, contador e corretor sentam na mesma mesa. Mas é preciso estudar, testar, evoluir. O que não dá é fingir que nada está acontecendo.”
Emir destacou que o medo da inteligência artificial diminui quando o profissional passa a utilizá-la na prática, mesmo para tarefas simples. “IA só assusta enquanto você não usa. Pequenos aprendizados diários mudam a forma de trabalhar. Você não está só treinando a IA, está treinando uma nova maneira de pensar.”
Rafael Altomare, consultor da Academia Sincor-SP, reforçou a importância dessa mudança de mentalidade ao apresentar o curso “IA para Corretores de Seguros”: “Mais de 95% das pessoas usam IA como usavam o Google, e isso limita os resultados. No curso, mostramos como perguntar, como treinar a IA, como usá-la para aumentar vendas e produtividade. O corretor precisa de repertório e método”. O curso, com cerca de 5h30 de duração, segue a lógica do microlearning, permitindo que o profissional se aprofunde pouco a pouco, com prática diária e orientação direta.
Corretores já colhem resultados com IA
Durante a live, o corretor Andrei Posebon compartilhou sua experiência: conseguiu reverter uma recusa de aceitação utilizando IA para estruturar um argumento sólido e técnico junto à seguradora; passou a comparar cotações concorrentes com rapidez, identificando diferenças que antes exigiam leitura detalhada de longos documentos.
Esses exemplos, segundo Boris, confirmam a força da automação: “Tarefas que antes exigiam uma equipe inteira – comparação de condições gerais, análise de franquias, conferência de propostas – hoje são feitas em minutos. Isso libera o corretor para o que só ele pode fazer: relacionamento e consultoria.”
Ao responder perguntas dos corretores, Emir esclareceu que o sistema da TEx, Teleport, possui API para integração com outras ferramentas, garantindo trânsito seguro de informações e possibilidade de automação em escala. Ele também reforçou que, embora a Serasa tenha adquirido a TEx, não atua como corretora nem como seguradora, e sim como infraestrutura de dados para o mercado, sempre respeitando regras de segurança e sigilo.
Boris completou destacando a importância da LGPD e lembrando que o Sincor-SP oferece orientação e soluções para associados que desejam se adequar às exigências legais.
Um comentário enviado pelo público reforçou que a IA tem sido adotada primeiro por empresas menores, que são mais ágeis e menos engessadas. Emir concordou e trouxe um ponto interessante: “Existe uma tendência mundial de contratar profissionais mais experientes para operar IA. O repertório conta muito. Saber formular boas perguntas é o que diferencia resultados medianos de resultados extraordinários.”
No encerramento, Emir lembrou que a transformação digital não beneficia apenas corretores e seguradoras, mas também consumidores. Ele citou o Feirão Serasa Limpa Nome, que estava ocorrendo simultaneamente à live, e explicou como a renegociação de dívidas influencia diretamente o mercado de seguros: “Quando o consumidor melhora seu score, aumenta a chance de aprovação em diversas modalidades de seguro. Compartilhar isso com o segurado pode ajudá-lo a recuperar sua capacidade de contratação.”
A live encerrou com o sorteio de um tablet entre os corretores que geraram o Número da Sorte pelo app Sincor Digital, que reúne serviços como a Carteira Digital de Associado e o ConectaCor, IA especializada em tirar dúvidas dos corretores. O vencedor foi Luiz Gustavo Anibal Mandaliti, da Regional Bauru. Boris finalizou: “Estamos no meio da maior transformação do mercado. O Sincor-SP tem a missão de preparar o corretor para esse novo momento, com conteúdo, capacitação e tecnologia.”