CEO da Allianz fala sobre o mercado no Brasil
11 de setembro de 2019Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o CEO da Allianz, Oliver Bäte, fala sobre a aquisição das carteiras de automóvel e ramos elementares da SulAmérica, além dos planos da seguradora caso a reforma da previdência seja aprovada. Confira.
Valor: Qual a estratégia da Allianz no Brasil, após a compra da carteira da SulAmérica?
Oliver Bäte: Quando me tornei presidente, tínhamos uma situação difícil no Brasil. E trabalhamos muito duro para mudar isso. No último ano, dissemos: agora que estamos fora de perigo, precisamos de maior participação, porque, quando não se está no topo, há desafios – com os intermediários, que nunca dão a mesma parcela de atenção; e com os talentos, particularmente no Brasil, que preferem empresas em posição de liderança. É diferente no Peru ou na Colômbia, onde os talentos locais preferem trabalhar em multinacionais. Para nós, a nova compra é uma oportunidade de ganhar tamanho, acessar talentos e corretores. E, obviamente, ter ganhos de escala. A SulAmérica criará uma empresa, que será combinada à nossa operação, processo que deve durar de seis a nove meses.
Valor: Qual o objetivo com a carteira de automóveis?
Bäte: O seguro de carro no Brasil é basicamente o ‘casco’ [cobre roubo, furto ou dano]. Por definição, o cliente desse produto tem mais dinheiro, porque quer proteger seu próprio bem, mas não queremos atingir apenas as pessoas ricas. O Brasil é um dos poucos países que não têm responsabilidade a terceiros obrigatória em seguro de carro, e aí está uma oportunidade. Estamos atentos a caminhões e frotas, área que precisamos investir porque é parte importante da economia. Sempre nos dizem que o seguro de carro está morrendo, porque o carro não será propriedade privada. Por um bom tempo, isso não será verdade, porque o custo médio do reparo está crescendo – e fortemente – devido às peças de carros elétricos.
Valor: A Allianz vai oferecer os produtos “pay as you use”, de pagamento conforme o uso?
Bäte: Temos essas tecnologias, mas veremos a preferência do consumidor. E não significa que esse produto seja melhor. Nos primeiros três anos de licença para dirigir, a propensão para ter um acidente é 15 vezes maior do que aos 30 anos. Mas a sociedade decidiu não tarifar o jovem no preço real porque ele não teria como pagar por nenhum seguro. Há um nível de subsídio cruzado nesse sistema e, portanto, o que a sociedade quer é a questão. Acredito na telemetria, mas por um motivo diferente: melhorar a forma de dirigir e controlar o risco. O poder da telemetria não é diferenciar o risco bom do ruim, é dar feedback de como o motorista dirige e, a partir daí, melhorar os riscos de forma geral.
Valor: Como vocês pretendem atuar em previdência no país?
Bäte: Tínhamos há um tempo, mas os produtos que vocês têm são muito tradicionais, exigem muitas garantias e capital. A maioria dos produtos vendidos aqui são basicamente feitos por bancos. O tipo de produto que vai ser requerido, após a reforma, é mais em linha com o que gostamos de fazer, por outras fontes de distribuição e mais portabilidade.
Fonte: Comunicação Sincor-SP, com informações do Valor Econômico